domingo, 9 de outubro de 2016

O QUERER MUDAR

“ Há tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-lo, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos” (Fernando Teixeira de Andrade)
Este pequeno texto nos convida a uma reflexão de como se encontra a nossa vida, e, a uma mudança.
É difícil para nós, com a vida corrida, parar para pensar como se encontra o nosso caminhar. Será que somos seres audazes com capacidade de nos transformar, de mudar rumos para outras paisagens, ou estaremos à margem de nós mesmos, pávidos, nessa inércia rotineira de uma vida sem vida?
André Luiz no livro “No Mundo Maior” nos diz: “Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milénio a milénio.”
Sabemos que cada vida que nos é dada é uma oportunidade de renovação dos nossos valores e aprimoramento do nosso carater. É o rompimento de condutas anteriores que nos leva ao estágio que nos encontramos agora.
Vimos à terra com o propósito de conquistarmos o nosso lugar na vida, como seres amorosos, individuais e únicos que somos, aprendendo o verdadeiro valor do amor, a ser felizes, e a caminhar para o progresso de nossa evolução.
Sendo nós seres únicos, caminhantes individuais numa visão espiritual, somos iguais em determinados padrões, mas na verdadeira diferença da essência.
Deus nos criou simples e ignorantes, para que o progresso fosse feito gradativamente, dependendo da coragem, determinação, curiosidade e fé de cada um.
Após as vidas sucessivas que o ser humano já teve na terra, e o aprendizado que já adquiriu, não compreendemos que a oportunidade que nos é dada é para usarmos em nós mesmos, e continuamos teimosos em achar que o outro é que necessita dessa mudança.
Os conhecimentos que possamos ter são para ser aplicados em nós em primeiro lugar, para quando for verbalizado não serem só palavras ditas, pois podemos ter muito conhecimento, mas sem a sabedoria de sabe-lo usar como exemplo no dia-a-dia, somos como címbalo que retine, produzindo um som sem a vibração do amor. Paulo de Tarso na passagem 1 Coríntios descreve muito bem: “ Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.”
Não quer dizer que aqueles que falam passando seus conhecimentos não tenham a missão de passar a mensagem. O que eu acredito é que esses mensageiros que nos trazem algo que nos toca, levando-nos a uma reflexão, impulsionando-nos à mudança de padrão de nossa vida para uma forma de vida melhor, eles simplesmente são chaves inspiradoras que conseguem abrir o cofre onde nós guardamos esses entendimentos, tornando-os visíveis.
Hermann Hesse escreveu: “ Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo”
Nós também podemos ser essa chave que pode tornar o mundo do outro visível, só isso!
Não cabe a nós a mudança do outro, mas cabe a nós saber aceitar o outro como ele é porque ao conseguir fazê-lo nós estamos a mudar o nosso próprio padrão e a caminhar rumo à travessia de uma vida melhor.
Umas das dificuldades dessa mudança realmente é nossa capacidade de aceitação. Aceitar não é aceitar tudo, cada ser tem limites e dentro dos limites há algumas regras normais de convivência em sociedade, como saber respeitar o próximo e os conceitos morais não moralistas.
A Aceitação passa muito por descobrir como somos, qual é a nossa essência, as nossas intenções, e, quando chegarmos a esse ponto de aceitação de nós próprios teremos a capacidade de aceitar o outro como ele é.
Todo o esforço que façamos na melhoria do nosso interior em prol de um querer mudar, que seja feito dentro de nós, em nosso coração, para que ela seja eficaz em nossa conduta, seja um espelho para a humanidade e aí talvez o outro possa se espelhar em nós e então querer também fazer a sua própria mudança.



Z.O.

Sem comentários:

Enviar um comentário