No texto anterior escrevi como a nossa vida é corrida, não
conseguimos parar nem para refletir sobre o próprio dia. Corremos para um lado
e para outro numa azáfama sem fim, para chegar ao final desse mesmo dia cansados,
sem a sensação de termos vivido o dia, só sobrevivido.
É uma labuta diária de ter que fazer o melhor, atingir ou conseguir algo, como uma posição social, um posto de trabalho com “patente”, uma casa “xpto” e um carro da gama “tal”, para chegar ao final de uma vida, com ela vazia. Sendo a nossa argumentação as viagens que fizemos, a comida que comemos, as casas e os carros que possuímos. São traços que fazemos na nossa vida, como padrões, status sociais para os homens na terra… E como fica a tua essência? O teu aprimoramento como ser? A tua transformação interior, como ser magnânimo filho de Deus?
Jesus no livro Mateus 16:26 diz: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?”
Pelo materialismo imposto em nós, seguimos as correntes da vaidade, da sedução, da competição injusta e do orgulho besta, que nos leva as trevas da nossa própria alma.
O problema não está nas coisas que almejamos, mas sim no como
almejamos e nos meios que são utilizados para conseguirmos.
E quando temos todos esses meios, como nós desfrutamos? Sabemos que
Deus pode permitir hoje, mas amanhã pode tirar. Desperdiçamos só no nosso bom
proveito, esbanjando de uma forma pueril, ou sabemos utiliza-lo também no
progresso da humanidade, auxiliando quando possível o irmão de caminhada?
Acredito sempre, que quando doamos de nós, completamo-nos, transformamo-nos em seres um pouco mais divinos que somos, que esquecemos, sentindo dentro a proximidade de Deus e amados por Ele. Tornando a nossa vida mais preenchida, rica interiormente.
Muitos profetizam conhecimentos e valores, não é que ponham em prática, mas nós podemos aprender a ser melhores com esses ensinamentos.
Perdemos muito tempo a questionar as condutas alheias, mas quando
chegarmos lá, no Altíssimo, Ele vai questionar individualmente o que fizemos
daquilo que Ele nos confiou, que vai da capacidade intelectual à força de
trabalho, até aos bens e à moral de cada um. “Eu te confiei, o que fizeste?” –
Será que não estaremos perdidos em conceitos errados, vendidos por aqueles que
vêem a vida numa forma linear, sem a perspectiva de vida futura, melhor dizendo
de vida após a vida?
Penso que muitas vezes nós não paramos nem para ouvir a nossa voz interior, porque dá trabalho para pensar, para acalmar o interior e respirar, com a desculpa que nunca há tempo.
Nem paramos para ler algo que nos ajude a construir o nosso interior
como seres mais saudáveis. As palavras dos grandes mestres que já viveram na
terra, nos mostram os caminhos para viver de uma forma correta, com princípios
que nos engrandecem. Jesus deixou as parábolas, que nos levam a viagens
interiores da verdade, das consequências nos nossos atos, e de como podemos
fazer a diferença melhorando as nossas atitudes, num caminho de caridade e
amor, em que nós somos o alvo primário, o outro a consequência da melhoria dos
nossos atos. Tudo isso se nós quisermos modificar os traços da nossa própria vida.
Alguns estão escritos nas linhas do passado, não podemos apaga-los,
apenas analisa-los para tirar o aprendizado, fazendo a diferença na escrita dos
traços do presente, os quais ainda estão a ser escritos para que o amanhã, que
só a Deus pertence, possamos continuar a escrita dos traços do Futuro, com uma
visão mais ampla e sábia dos caminhos reais que ainda faltam por percorrer em
nosso interior.
Z.O
Sem comentários:
Enviar um comentário